Muito prazer, eu sou a realidade

Muito prazer, eu sou a realidade

Estou presente em todo lugar

E em todo o tempo, mas mesmo assim

Tem gente cega e surda (ou se faz)

Que insiste em não me enxergar.

Por isso de me apresentar a necessidade:

Muito prazer, eu sou a realidade.

Olhe para as periferias

Aquelas que nem todos sabem o nome

As palafitas, aldeias longínquas e avenidas

Talvez vejam uma de minhas crias: a fome.

Apesar da sua cegueira por própria vontade

Muito prazer, eu sou a realidade.

Procure, mesmo sem muita atenção

Em todos os cantos de todos os lugares

Você verá de mãos dadas a violência

E a insegurança andando nas ruas, nos bares,

Nas casas, nos palácios a impunidade

Muito prazer, eu sou a realidade.

Observe a justiça (?) seletiva

Mas essa você não quer ver

Porque a sua sujeira asquerosa ela esconde

E é bem paga para quem lhe ameaça prender

Apesar da sua imunda iniquidade,

Muito prazer, eu sou a realidade.

Veja as escolas, que morrem à míngua

E o desmonte que se faz da nossa Educação

Heróis legítimos são os que lutam,

Professores e alunos com precária formação.

Apesar da sua completa insanidade,

Muito prazer, eu sou a realidade.

É argumento pobre e infantil

(perdoem-me, crianças, a analogia)

Justificar uma atitude, uma decisão,

Citando erros a que antes criticas fazia.

Apesar da sua nítida debilidade,

Muito prazer, eu sou a realidade.

Sinta o ar, note o clima ao seu redor,

Tire o cabresto e os cordões de marionete

O ambiente grita por socorro, mas o pior

É a psicose gananciosa e entreguista em que vive.

Apesar da sua absurda insensibilidade

Muito prazer, eu sou a realidade.

Não adianta tapar o sol com a peneira

Muito menos esconder e manipular os dados

Eu estou aí a quem quiser ver

Basta que queiram deixar de ser controlados.

Apesar de sua força sem inteligibilidade

Muito prazer, eu sou a realidade.

Não adianta falar da bíblia e de Jesus

E pregar a violência e a tortura

Entregar armas ao povo não é a luz

Que precisamos no fim do túnel.

Apesar da sua translúcida improbidade,

Muito prazer, eu sou a realidade.

As facas e facões da corrupção

Cortam a barriga e cabeça, e não é fake,

Do verdadeiro cidadão de bem;

E por isso pouco se condena alguém.

Salvo para satisfazer sua cruel vaidade,

Muito prazer, eu sou a realidade.

É fácil dizer que defende a família e a vida

E a quem é diferente propor a morte

Quando as palavras não correspondem ao exemplo

É hipocrisia, estupidez, ganância sem medida.

Apesar da sua consciente falsidade,

Muito prazer, eu sou a realidade.

Há tantos pontos de vista em mim,

Mas você só vê o que sua miopia social permite

E sua hipermetropia astigmática política

Causa-lhe uma visão de estreitíssimo limite.

Apesar de sua vil e ignóbil parcialidade,

Muito prazer, eu sou a realidade.

Muito prazer, eu sou a realidade

Enxergue-me quem quiser ou quem puder,

Porém, enxergando o todo da sociedade

E não apenas uma parcela mostrada

Por quem movido por pura maldade

Quer tornar culpado quem é vítima da realidade.

Cícero – 22-07-19

Cícero Carlos Lopes
Enviado por Cícero Carlos Lopes em 22/07/2019
Código do texto: T6702217
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