Sou Preto, Não Marginal!
Todo dia é tapa na cara
De mãos carnais e ataques verbais
É o ato de marginalizar
Minha pele preta
E que se dane a voz que te ajuda
Tentando dizer como você é
Mascarando o preconceito de tua escolha
Criminalizando com desejo de consolo
É faca na língua, corta na lábia
- Onde você viu gente de bem assim?
Soco no estomago e cuspe no rosto
Dizendo que no fundo é pro teu bem-estar
Pare de marginalizar a minha história
Se tu mesmo não a sabes buscar
Minha cor não é rótulo de futuro
Meu cabelo não é estampa de marginal
Dane-se que nem todos veem assim
Esse é o motivo de eu estar aqui
Pra dizer que o que me define
Não está em tua forma de agir
Todo dia uma surra nova
Com luvas de veludo e sapato de metal
Descendo o meu sangue pelo peito
Que não pode sequer revidar no falar
Você fala da minha história
Fala da minha cor e do meu cabelo
Abre a boca e rasga o peito
Pra dizer como devo ser
Mas aprende por fim, só peço respeito
Minha cor, minha pele, meu cabelo
Aceita minha essência acima do teu preconceito
Eu sou preto, não marginal!