No País da bandeira verde o morro é vermelho

Anos atrás...

Acordei e tinha um jumento na presidência

e dos bueiros saiam ratos batendo continência

e por todos os lados papagaios repetiam suas frases

com suas bocas espumando e ódio em seus olhares

Patos amarelos batiam panelas

enquanto soldados de chumbo pintavam vielas

sangue escorrendo do morro igual cachoeiras

e lá embaixo se banhavam serpentes traiçoeiras

Vi urubu cantando e criança sendo fuzilada

as mães em desespero caídas aos prantos

vi a morte usando farda e sendo premiada

enquanto do alto do céu lamentavam os Santos

Ouvi que a fome não era real

e que ciência era balbúrdia

aqui ainda defendem um sistema desigual

justificando com a falácia da meritocracia

Nosso povo tava perdido, sem riso e sem festa

vivendo um pacifismo banhado em morte

o governo vendendo nossa floresta

mas não havia tempo pra que alguém se importe

não pense, trabalhe

Vi jorrar das torneiras da cidade o sangue dos inocentes

ouvi nas ruas dos jardins os chamarem de delinquentes

mancharam seus nomes, extinguiram sua dignidade

pra justificar tão vil e imperdoável atrocidade

Nossa bandeira deveria ter sido um caixão

estampado Luto

eles executaram o futuro da nação

e fizeram do ódio, um fruto

Brasil acima de tudo

pra esconder os corpos jogados no chão

Deus acima de todos

como se tudo resolvesse com oração

Nesse país, plantaram as balas

pras famílias colherem os corpos

a manhã é das lágrimas

e a Madrugada dos mortos

R J Ferreira
Enviado por R J Ferreira em 01/10/2019
Reeditado em 20/05/2023
Código do texto: T6758615
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