A MARMITA
Olha a marmita do canto
Olha a companheira do herói do anonimato
Olha a vassala do rei sem prestígio, nem coroa
Olha a testemunha de uma luta indígena e incessante
Olha amiga do homem sem nome, sem classe...
Do homem de braços apenas
Olha a marmita do canto
Olha o refúgio da humilhação e do cansaço
Olha o momento de glória do mulato guerreiro
Abastecido com a pressa do mundo...
De um mundo sem preces
De um mundo de Posses e preços apenas
Olha a marmita do canto
Não verás apenas um símbolo do esquecimento,
Mas o presente inegável!
Olha o tijolo subindo...
Olha o sonho desmoronando...
Olha a mãe do caviar
E dos jantares de mil e tantos dólares
Olha a marmita do canto
Olha a intimidade com a pele parda
E os dialetos discriminados
Olha a massa mexendo a massa...
Olha o teu bolso transbordando...
Olha os finais de semana sendo vendidos
Olha a cidade de ser expandido...
Olha a marmita do canto
Falo isso porque sei que não olhas
Porque sei que preferes limitar-se a enxergar
O teu prato cheio e a tua mesa regalada
Preferes vedar os olhos
Pelo benefício sujo do teu farto trocado
Prefere fingir que não existe a marmita do canto
E pensar que o teu reinado tão poderoso
É tão débil a ponto de depender dela...
Vitalmente!
Da time da marmita
Da marmita encolhida
Da marmita do canto.
(Claudiomar) 23/12/2007