Bois gente

Um dia estava sentado na calçada em frente a casa de minha mãe e vi um caminhão boiadeiro cheio de gente. O tal fazendeiro, ao invés de comprar um ônibus para trazer os seus, enche o tal "bus de boiadeiro" com seus "bois gente". Isso até parece com a maneira como Paulo Honório (personagem de SÃO BERNARDO) tratar seus empregados:

Senhores, eu vi!!!

uma boiada diferente,

não eram bois e sim gente

voltando para a fazenda

fazendo o papel de boi.

Não sei quem foi o maldito

que fez infâmia tremenda.

Pelo menos uma coisa é certa,

alguém de índole "esperta",

lota um bus de boiadeiro

de honrados brasileiros

que querem ganhar o pão

só tem por carro o chão:

sujeitam-se, chacoalham-se

parece que o fígado vai saltar pela boca

a voz fica rouca de tanta poeira,

compram o boião e voltam.

A consciência foi embora,

mas na hora certa

essa gente esperta

pagará a conta

pela a afronta que fazem.

Onde anda a justiça?

Será que a preguiça

fez com que a cegueira desta

seja comprada por uma festa?

Será que em pleno século vinte e um

vamos continuar sendo mais um,

deste mundo cheio de ciência

mas que faz perder a paciência

dos mais indoutos?

Este texto está inserido no livro ETNIAS OLVIDADAS sob o ISBN nº 85-98598-20-8

Aldair Lucas
Enviado por Aldair Lucas em 08/10/2007
Código do texto: T685596