Vida de trabalhador

O corpo que perece,

as mãos calejadas,

o rosto sofrido,

as marcas da história fixadas.

O sangue que ferve e não para,

essa mente agitada,

o semblante entristecido,

a vontade de vencer no pé no chão.

O desejo do cuscuz na mesa,

da mistura ao meio-dia,

da manga ou banana ao entardecer,

da família reunida no anoitecer,

compartilhando na calçada,

a felicidade,

que mesmo na sofrida simplicidade,

habita o lar.

A enxada, a colher, a foice, a capina.

O martelo, o esquadro, a pá, a construção.

As mãos, as pernas, o juízo, o caminhar.

A caneta, os livro, o caderno, o ensinar.

As panelas, os garfos e as colheres, o cozinhar.

O corpo, na noite,

quer repouso, conforto, alento.

No dia, roga para sobreviver.