CANTO DO POVO

Meu país tão bruto e belo

Aflito feito um cão abandonado

Quero-te pleno ao raiar do dia

Como numa composição de Villa-Lobos

Quero-te singelo como sempre foi

Um menino descalço a brincar

Meu coração suburbano

É um rio sem nome

Não sei nada, não sou nada

Mas a poesia que flui em mim

Canta a tua pobre alma, meu país

Disseram-me tolo, utopista

A verdade é que te sinto

Como um filho que não tenho

De um amor modesto e sem brilho

É que nasce, em mim, a tua pátria.