COMPROMISSOS

Ter na alma um não sei quê de pôr do sol.

Nunca duvidar do voo de uma borboleta.

Respeitar uma flor que esqueceu de florir.

Entender que o escuro pode ser apenas a margem de um rio.

Saber que há um mistério dentro de cada olhar.

Caminhar de uma forma em que não pise em sonhos.

Descobrir o milagre de cada hora numa folha caída.

Não reivindicar a propriedade exclusiva de Deus.

Entender que lágrimas, possivelmente, escondem histórias.

Ter o olhar sempre disponível para uma nuvem.

Aceitar que um grito, vez ou outra, pode apagar fronteiras.

Engenhar no vazio um campo cheio de esperanças.

Desvelar as infinitas permanências em uma saudade.

Resgatar-se como um poço diante da estupidez humana.

Alinhavar um fio de vento nas asas de um passarinho.

Decifrar as múltiplas camadas que compõem um silencio.

Endossar na pele da liberdade o fragor de uma luta justa.