VISÕES

Eu vi o medo que morava nos homens

Os olhos deles estavam cansados

De guerras e gritos

E eles caminhavam sobre os abismos

Seus ombros eram escudos no tempo

Mas eles cantavam cegos.

Eu vi os ossos no chão

O sangue fervilhado ao sol

E calçadas danadas de espera

As pessoas não se olhavam

Porque os olhares disparavam ausências

E refletiam partidas.

Eu vi uma marcha no escuro

Havia uma maldita pressa

De quem constrói muros

E costura sombras

Todos pisavam em begônias

Porque suas pupilas ardiam de abandono.

Eu vi a fadiga de tanta procura

Vi a pele da desesperança verter fomes

Mas ninguém reparava que as portas

Fechavam como em ritos

Depois de tanto ver e nada entender

Meus olhos se apagaram de mim

E o mundo pousou em minha memória.