Navio negreiro
Os navios negreiros
os mulatos guerreiros
se afundaram num mar
de sangue
A carta assinada
a senzala escancarada
revelando um olhar
de diamante
Olhar de um povo abandonado
humilhado e ensanguentado
alvo de chutes e pedras
Ilustra para cegos
surdos e desonestos
o descaso ocorrido em nossa terra
Em um Brasil colorido
é um grande desperdício
pintá-lo apenas de vermelho
Entre favelas e edifícios
engravatados e mendigos
suicidam por medo e desespero
Entre bordéis e coletivos
prostitutas e andarilhos
consequências dos navios negreiros
soltam um grito de dor e desespero
através das vielas e praças
denunciando o horror e a desgraça
que se instalou em nossas terras
que desviou nossa verba
e segregou a união da nossa raça
Então um canto de amor entoa
canções e orações
clamando por atitudes e ações
Mas o povo permanece parado
condenados apoiando o carrasco
que oferece um mundo de ilusão