Cavando a própria cova
Quando você é jovem e bonita
e tem um mundo inteiro nas redes sociais
tudo parece completamente comum
tanto o negro pedindo esmola
quando a fome de um velho bebum
As pessoas conversam na rua
como se não estivessem doentes
presas em correntes mentais
midiáticas e comportamentais
Enquanto percebem os andarilhos das praças
comendo lixo feito animais
se calam e reforçam a cultura do individualismo
ensinada pelos nossos próprios pais
glamourizada pelos nossas canais
normalizada por políticos e por generais
Agora, a medida que o tempo passa
o sangue seca e a carne fica fraca
a vida parece ter perdido a graça
em seu pequeno mundo de farsas
mas a cultura que você fez crescer
virou-se agora contra você
pois ninguém ousa perceber
a sua existência triste
e a vossa vontade de desaparecer
de fugir ou de enfim perecer
Assim como as folhas endurecem
e seguem seu ciclo na vida
você senta em sua cadeira aflita
como uma semente plantada na brita
como uma porca que de tão farta vomita
atravessando lentamente a avenida
adentrando à estação central
quem aplaudiu as mazelas da vida
dessa vez se tornou atração social
se jogou no trilho suicida
ficou famosa estampando jornal