Cavando a própria cova

Quando você é jovem e bonita

e tem um mundo inteiro nas redes sociais

tudo parece completamente comum

tanto o negro pedindo esmola

quando a fome de um velho bebum

As pessoas conversam na rua

como se não estivessem doentes

presas em correntes mentais

midiáticas e comportamentais

Enquanto percebem os andarilhos das praças

comendo lixo feito animais

se calam e reforçam a cultura do individualismo

ensinada pelos nossos próprios pais

glamourizada pelos nossas canais

normalizada por políticos e por generais

Agora, a medida que o tempo passa

o sangue seca e a carne fica fraca

a vida parece ter perdido a graça

em seu pequeno mundo de farsas

mas a cultura que você fez crescer

virou-se agora contra você

pois ninguém ousa perceber

a sua existência triste

e a vossa vontade de desaparecer

de fugir ou de enfim perecer

Assim como as folhas endurecem

e seguem seu ciclo na vida

você senta em sua cadeira aflita

como uma semente plantada na brita

como uma porca que de tão farta vomita

atravessando lentamente a avenida

adentrando à estação central

quem aplaudiu as mazelas da vida

dessa vez se tornou atração social

se jogou no trilho suicida

ficou famosa estampando jornal

Bruno Alme
Enviado por Bruno Alme em 13/05/2020
Código do texto: T6945638
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