Quarentena da Janela

Da janela de minha casa, vejo o mundo passar,

Com máscaras ou não, só fico a observar,

A ignorância e o preconceito que muitos refletem no modo de falar.

Da janela de minha casa vejo muitos andando apressados,

Tranqüilos ou estressados, alheios a tudo ou inconformados.

Fico a escutar os anseios de cada um, que eu vejo da minha janela passar,

Suas revoltas e esperanças de um dia tudo isso acabar,

E a normalidade volte a tona para poderem trabalhar,

E os seus sonhos poderem realizar.

Da janela de minha casa contemplo o horizonte em expectativa,

Questionando-me quando iremos encontrar uma saída,

Quando iremos parar de fazer despedidas,

De nossos entes queridos que perderam suas vidas.

Da janela de minha casa reflito sobre os bons momentos vividos,

Das festas e reuniões sociais junto a meus amigos,

Dos bons tempos que agora estão adormecidos.

Da janela de minha casa vejo jovens, velhos, crianças e carros passar,

Seguindo suas vidas com dinamismo sem parar para pensar,

O quanto a vida é breve e temos que aproveitar.

Da janela da minha casa observo a atitude dos alienados,

Que preferem viver à margem dos problemas do que preocupados,

Ausentes da realidade a viver desesperados.

Da janela de minha casa observo novas formas de comunicação,

Recheadas de criatividade e inovação.

Fico observando as várias formas de expressão,

Que muitos exprimem em forma de oração,

Valendo-se da solidariedade para ajudar o irmão.

Tudo isso eu vejo da minha janela se desenrolar,

E chego a conclusão que esse vírus só veio para mostrar,

Que juntos somos mais fortes e nossas vidas ele não pode arruinar,

De cabeça erguida tenho fé e esperança que um dia tudo isso vai acabar.