UM DIA NO SUS
Tem um grito engasgado na garganta,
A alma exprime tristeza e desconfiança
A desesperança, o silêncio é veroz
A placa é um intimado!
É um “fique a sós”
Fique em luto por alguém que não vê!
Primo, Vizinho, Amigo, Parente até terceiro grau
Por fim, todos tem o mesmo final
Pega a senha,
Olha o visor,
Intercala com a dor
Tudo a flor da pele
Não é emoção de um filme,
Não são os números da tela quente,
Da contação de histórias da TV Cultura,
Não é um teste de resistência,
Você está fadado a decadência!
Ao desespero, a dor
Olha do lado
Tem alguém melhor?
Uma criança!
Será que ela vai sorrir?
Que pena!
Lagrima começa a surgir: “mãe está doendo”
Uma toalhinha,
Um colinho,
Nada resolve,
Passa na triagem,
Descreve sua dor,
Não irá resolve-la,
Mensura em palavras, sofrimento da vida inteira
Mede pressão
Está vivo!
Continua o processo,
Um a menos no retrocesso
Aguarde !...
Aguarde, um pouco mais
Acredita no pós vida?
Ufa, consulta com o médico
Hora mais que aguardada,
Não é a entrada da noiva,
Mas já é madrugada!
Quantas horas esperou pra não ter a vida ceifada?
Toma o medicamento!
Não adiantou?
Se a dor é a raiz a de todos os males
A raiz não foi encontrada,
Toma soro,
Uma agulha, uma picada
Acredite! Achei que iria melhorar,
Estava enganada!
Faremos um exame,
Descobrir logo o mal
Se estás aqui a cinco dias
Estás morando no hospital
Porque tantas perguntas?
Pra que queres a resposta?
A resposta virá, mas apenas na autópsia
Se o remédio for o certo
Melhoras irá sentir,
Mais razões para prosseguir
Não é sorte, é responsabilidade
De quem o atendeu ali
Caso, nada é resolvido passas mais mal
A vida vai definhando,
Da casa para o hospital,
Falo Jus a um País com desigualdade social
Este é o Brasil,
O País Tropical
Ouve-se um silêncio,
O silêncio terminal,
Começa na recepção e vai até o fim do hospital
Mas, nada se acaba,
Se ouve de novo,
O silêncio terminal!
Começa novamente,
Com outro paciente,
Na consulta matinal.
Mariela Amanda