O sonho de um rei

No canavial dorme um rei à sonhar,

com a fouce malhada pelo trabalho,

tendo em suas mãos o Cedro da dor,

mostrado em açoite; amarrado no tronco.

Curvando a cabeça sem coroa, mas

tendo a verdadeira nobreza em seu peito,

seu peito preto de sangue vermelho

igual de seus algozes que impedem sua voz,

mas sua mente sonha e seu rosto chora,

lembrado do torrão natal… cor de sangue,

é a terra de sua terra, a onde era rei...

Na África era o seu punhado de alegria,

alegrando e sonhando com palmeiral verde escuro…

No sonho este rei era de novo livre,

com o pé no chão firmado de coração real,

numa marcha de contos reais sobre si,

longe de tudo e perto das correntes,

sua alma livre da escravidão voava simplesmente…

Contudo, sua alma arroubada panteia,

lembrando a negra rainha que em sonho vozeia,

das lágrimas que molham seu rosto

tem o nome de todos seus filhos,

em seu sonhos não há chicotes em seu corpo

apenas o beijo na face de seus filhos…

De joelhos, de mãos estendidas asseguram,

tudo está livre dentro do escravo que sonha,

cortando em seu rosto uma lágrima dorida,

que de insensível bebia a terra de sua agonia.

Mas o rei que sonhava, sonhava livre, sem correntes,

gritava para si e para outros: - Não apagará a minha história!

Hoje seu sonho ainda é sonho, na mente dos sonhadores,

escravidão de correntes invisíveis nos prendem,

açoites do racismo machucam a pele negra,

que ainda sonha o sonho do rei que sonhou….

Que o seu corpo fosse tão livre quanto sua alma.

Douglas Stemback

Douglas Q Stemback
Enviado por Douglas Q Stemback em 18/07/2020
Código do texto: T7009917
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