DO OUTRO LADO DA PORTA

Nas salas de reuniões,

políticos e patrões se deslindam em harmonia;

sortes leiloadas, acordos fechados, cemitérios abertos;

aroma azedo das palavras sem versos.

Suas canetas tingem o papel de vermelho feito lâminas,

rasgando o tempo, empilhando corpos, secretando tramas;

ouvidos da sala guardam segredos que o olhar da luz revela;

papéis denunciam trapaças que o espelho das paredes testemunha;

sorrisos contidos em lábios abandonados na brisa fria da espera,

a resposta expõe o riso irônico do outro lado da porta.

Após mais uma sessão,

a esperança vela com seu véu mais velho o destino da nação.

Aos tiranos não interessa bem estar social,

alegria coletiva;

a locomotiva dos seus interesses tem pressa pra levar o ouro,

que roubou do tesouro.

Orlando Alves Ribeiro
Enviado por Orlando Alves Ribeiro em 23/07/2020
Reeditado em 21/07/2021
Código do texto: T7014826
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