Falando socialmente...
Falando socialmente...
Nas madrugadas os meus passos são lentos,
Pelo peso do dia que se faz presente.
Sou carregado pelas sombras do vento,
Encontrando fantasmas recheados de correntes,
Aprisionados em um milissegundo,
Sendo arrastados pela madrugada a dentro.
Estão como eu, deixando o passado rasgá-los lentamente,
Fatigados demais pra contestar o peso colocado,
Por mais um dia... por um sorriso descrente
De quem vê o Sol invadindo o quarto...
Reiniciando o loop, outrora pausado...
Deito, mas o sono não vem
Independente do cansaço em minha costas...
Me levanto, vejo o meu bem,
Deitada, correndo livre, por bosques,
Aproveitando cada hora...
Então, vou pra labuta de mais um dia
Depois de minutos de descanso.
Essa é a rotina de alguém
Que ainda não encontrou a alegria...
O dia exige passos rápidos e calculados...
Mas... depois de tantos anos sem veemência
O tempo fica, cada vez mais, entrelaçado
E tudo se torna igual... não consigo ver a diferença...
Me tornei só mais um, em meu espaço tempo...
Estou acabando comigo mesmo vivendo nesse “abrigo”
Talvez um amigo me ajude a dar um tempo...
Talvez o tempo me ajude a achar um amigo...
Talvez se tudo parasse,
Mesmo que por um segundo....
Talvez, esse vírus seja uma resposta à minhas preces
A quarentena talvez seja o botão de pause que eu ansiava
Talvez ele não seja uma condenação divina aos que merecem
Mas, um alivio para aqueles que souberem usá-la...
Talvez ele seja um cavalo de troia inverso... que logo passará...
Mas, para aqueles que conseguem ver além da fechadura
Pode ser exatamente a chave que destrancará
E libertará, mentes e mais mentes
Talvez seja isso o que precisávamos para retomar a consciência
Como um despertador nos levando para fora...
Pra ver que o que realmente importa são coisas pequenas
Como um abraço, um afago ou um mero aperto de mão.
Perez serezeiro e Juan Perez (meu filho)
Londrina - 26/07/20
jrpmserezeiro@gmail.com