O POETA, O POLÍTICO, O ÓDIO E A MORTE
Em meio à solidão cósmica e aos adjetivos mais deploráveis
Nivelado por baixo, pelo nível da escória
Execrado, rotulado: pela lente do ódio, observado
Sugado, massacrado, entrecortado pela navalha da vingança (pelos interesses obscuros e egoístas)
Os de longe? Veem com receio, devaneiam suas suposições...
Os de perto? À espreita da queda, do voraz inferno, do fogo eterno, da lama, do caos, do medo, da predominância do mal...
O que querem?
Jogar a flor cuspida, ao pé da lápide!
Lançar na face gélida e morta, o dedo em riste!
O que mais querem?
Sapatear, dançar na chuva
Nas negras luvas, contar os dias, contar as contas, contabilizar seus investimentos, perdas e ganhos
Ah... mundo tacanho, sacana, bandido!
Melhor seria nunca nisto ter se metido! (Aquele que imaginava fazer o bem, promover o progresso além, promulgar a carta-magna da esperança). O que resta? A ganância!
O ódio? Avança! Alavanca o mundo das relações triviais. Alcança os corações - outrora hipócritas e, agora, desnudados... revelados.
Qual o som mais sedutor aos seus ouvidos?
O som do vil metal escorrendo pelos seus dedos (manchados de sangue), que se lambuzam em suas bocas carnudas e pútridas.
Versos da dor do poeta intruso na política - e que dela sai!