Tempos de resistência

Cresci em tempos sombrios,

Quando as pessoas aceitavam a imposição sem questionar.

A igreja dizia que Deus acolheria no paraíso só os comportados,

E mesmo com as costas marcadas as pessoas aceitavam,

Aceitavam como um conforto, um refúgio.

Eram tempos difíceis,

Os cidadãos de bem não aceitavam a diversidade,

E foi assim que pela moral e os bons costumes,

Que diretamente ou indiretamente mataram muitos de nós,

E a justiça que já era cega, tornou-se surda e muda diante das injustiças.

Cresci em tempos de desumanidade,

Quando as tecnologias dominavam os seus criadores,

Uma vida valia menos que uma foto,

E a classe empobrecida tornou-se menos que uma mera mercadoria.

Eram tempos de caos,

Nas ruas desfilavam toneladas de aço,

As pessoas não se olhavam nos olhos apenas nas roupas,

Os carros e as roupas eram o mais importante.

Vivi em tempos de lutas,

No campo de batalha havia duas classes,

Enquanto uma queria destruir o poder para acabar com a dominação,

E viver com dignidade destruindo toda forma de opressão.

A outra queria manter-se a todo custo no poder,

Para seguir com seu projeto de exploração,

Matando tudo e todos em nome da civilização.

Eram tempos de uma enorme crise,

E com tamanha incerteza do futuro,

Que não havia tempo para pedir perdão,

Só restava tempo para viver todos os dias como o crucial para a revolução,

Construindo no campo e na cidade grupos de resistência,

Dando autonomia para os sujeitos a partir da politização.

Eliezer Antunes de Oliveira
Enviado por Eliezer Antunes de Oliveira em 19/09/2020
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