Sonho Kafkiano
Corpos no chão
Fogueiras na mão
Com estas imagens
Pergunto nestas margens
Onde anda o espanto?
Coberto por um manto
Agasalhado pela normalidade
Ignorado pela mortalidade
Escrito por Kafka
Estou preso em uma realidade tácita
Banalizada
Flácida
Algo me deveria ser estranho
Mas o incômodo me traria algum ganho?
Talvez eu seja o povo
Talvez eu fale por algo novo
Neste velho mundo mundano
Não procuro estar mudando
Talvez fique na possibilidade
O ceticismo possui certa afabilidade
Em minha alma pró-dogmática
Seria isto uma ideia tática?
Cansei
Estranhei
Não, não está certo
Sinto a certeza por perto
De que se há algo para sentir
Para cair
Cair nos braços da busca
Se atormentar no córtex da luta
Me abrindo para possibilidade
Da utopia pela verdade