APELO
Partindo dos primórdios das civilizações, sob um olhar cauteloso,
Observamos a imensidão de muros erguidos.
No cortiço mais humilde ou no palácio suntuoso,
Homens gozavam de seus direitos concedidos
À sombra destes mesmos, estávamos nós.
Uma vez que às mãos deles eram entregues canetas,
Mãos femininas resumiam-se a costura de cós
Para logo ocuparem-se de fraldas e chupetas.
O caminho a ser traçado não seria fácil, isso nos era sabido,
No entanto, já não poderíamos relutar em lutar.
Tantas, e tão poucas reivindicando o invivido
O medo já não era capaz de nos amedrontar.
Foram muitas as portas que se encontravam cerradas
Incontáveis as tentativas de fazer-nos desistir
Nada bastou para que permanecêssemos caladas
A sede por direitos não permitia regredir
Lapidamos, pouco a pouco, o sólido patriarcado
Nas faculdades e câmaras conquistamos lugar
Ainda era apenas a costa de onde havíamos desembarcado
Densa era mata que logo iríamos adentrar
Enfim, hoje, aqui juntas permanecemos,
Sem saber ao certo o desfecho desta história.
Inúmeras guerreiras, seus esforços agradecemos,
Guardadas com louvor em nossa memória.
União sempre foi palavra chave para grandes feitos
Agora, não poderia ser diferente.
Lado a lado, seguiremos reivindicando direitos
Determinação será, por fim, o elo desta enorme corrente.
Antes que me prolongue desmedido,
Deixo o seguinte apelo
Em cada inicial destes versos, escondido.