Gé putáre tenetehára
Consigo sentir o balançar das águas
Fecho os meus olhos e sinto o sol beijando meu rosto
Sentada na areia, sorrindo como criança
Vendo o horizonte que já não se faz reto como suposto
Sombras grandes navegam em ordenança
E o grito vem
CARAÍBA
Os grão de areais se agitam, sem mais ninguém
Sinto o chão tremer
Nepapá, la vem os caraíba
O homem branco pisa
Trazendo consigo as destruições
E o apocalipse concretiza
A chegadas das pragas com as grandes navegações
A guerra passou ao olhos da kunhã muku' im
Para exterminar seu povo
O céu não se abriu naquele momento, mas foi o estopim
Para eles trouxe grandes conquistas
E descobertas como falam
Mas vos digo Abaté, gente estranha
Que apunhalam
Chegaram sem avisar
E dominaram sem nem perguntar
O começo da mistura
Dizem miscigenação e pigmentos
Mas eu digo eçaraia, escura
Eçaraia, O ESQUECIMENTO
Nhunquére- ém
Não quero dormir
NHUNQUÉRE-ÉM
Não quero fechar meus olhos
Para voltar àquele momento
Mas também não quero abri-los para esse novo mundo
Onde meu país me esqueceu, só lamento
Lugar que nasci sendo destruído pela ganância
Essa que traz fome e desordem
Decretado em primeira estância
Recorda isso de algum lugar, ACORDEM
Surge et ambula!
Os setes selos do fim do mundo chegaram
Quer esperar os som das 7 trombetas
Para servir as taças
Taças de vinho, sangue de muitos, avista caretas
Esse vinho foi tomado por estrangeiros
Engoliram nossa essência
Sinta o queimar por dentro,
Minha combustão estantanea em vivência
Eu quero ser EU
Gé putáre tenetehára, com graça
Grata aos meus ancestrais, que sucedeu
Quero poder ser indígena, sem ter meu sangue em sua taça
Aceitem meu perfil
Ordem e progresso
És tu, Brasil
E o sol da liberdade, em raios fúlgidos
Brilhou no céu da pátria nesse instante
Se o penhor dessa igualdade
Conseguimos conquistar com braço forte
Em teu seio, ó liberdade
Desafia o nosso peito a própria morte!
Não me prenda por quem eu sou
Sentada na areia, sorrindo como criança
Ou na mata que você devastou
Eu quero ser EU
Gé putáre tenetehára, com graça
Grata aos meus ancestrais, que sucedeu
Quero poder ser indígena, sem ter meu sangue em sua taça!
Aluna Franciele Evangelista (Semifinalista na Batalha de SLAM da Vila Guilhermina / SP