COM SINCEROS VOTOS DE...

Em poema corrente...

Faço votos que a terra cresça

E que toda maldição desapareça.

Então,

Voto pela ressureição da consciência

E pela não inadimplência dos rasgos das corrupções.

Voto com dor ao fluir das emoções...

Por cada remendo versejado das vias perdidas.

Mas voto nulo quando se vislumbra

Por mais feridas maquiadas e refeitas com asfalto de resistência duvidosa.

Feridas que se abrem aos meios- fios do que já perdeu o fio da meada.

Voto por todas as mesas postas!!!

E faço votos de

Que nenhum ser microscópico

Zombe da facilidade de se sobrepujar na insensatez ridícula da Humanidade.

Faço votos...

De que todos os buracos abertos pelo concreto das vidas

Não sejam mais abaixo da existência prometida

Já no caos submergida.

Voto em qualquer sigla...em qualquer língua,

Em qualquer sinal de qualquer sentido

Que tenha sentido!

Algo que prometa

Um bom destino consentido.

Que meu voto(algo como milagre!)

Desvende a criptografia das reais intenções

E regurgite todas as inseridas corrupções!

Não há suborno ao verso das comunhões.

Então,

Voto pelo de todos!

Pelo principal, pelo real,

Nunca pelo virtual que jamais chega!

Nos entredentes das tantas propostas não benfazejas.

Voto carnalmente.

Pela devolução do visceral retirado das vidas

Ato contínuo dum tempo que não voltará mais

para cobrar, com justiça, o que perdeu por gerações.

Voto...e faço votos, muitos votos aqui abertos...

Pelo pensamento desobliterado

Em meio a tantas fomes que pulsam misericórdia

No caminhar de trajetórias inglórias.

Voto contra:

Às tantas fomes que arrastam direitos nas enxurradas dos nadas

Como chuva ácida que desce dum céu cinza a tudo corroer;

Que, surrupiados, nunca chegam ao endereço certo.

Fomes que seguem...sem voto cumprido.

Como muambas largadas nas estradas

Abandonadas de propósitos

Pelas históricas estratégias falaciosas que não merecem voto algum.

Não há mais como transformar vidas dos pequenos

Em migalhas das bondades dos grandes!

Faço votos de que a mão que produz alimente o corpo

Sustente a sede de Justiça

Inflame o sopro da alma que resta

Com ar puro, sem o fedor costumeiro do oxigênio rarefeito.

Esses são meu votos!

Que as letras voltem a ser vocalizadas na infância

Que o trabalho não seja uma dádiva dos pódios

E que a dignidade atingida levante a bandeira da paz.

Que possamos, como crianças que votam sonhos,

Jogar amarelinha

Pelo verde ressuscitado das cinzas.

E ainda consigo fazer o voto principal:

O de que nenhum poema aberto se cale na urna descumprida.

Que as vidas se soergam dos seus epitáfios públicos

Desses grafados com dor de sangue nas entrelinhas das calçadas...

E que-com todos os votos do mundo!-possam seguir com direção

Pelas veredas dos tempos que valeram a existência dum sonho.

Porque o que vale é poder chegar ao final de cada poema.

Com sinceros votos de.