Macaco vê, macaco faz

A ciência anda trôpega por entre

a multidão acoplada no obscurantismo.

A ciência empurra os corpos,

movimenta a vida; testifica a liberdade e comprova o olhar.

A ciência anda sob os métodos,

e se aperta entre o povo para

mostrar-se despida;

E ela caminha sem pedir licença;

empurra, oferece tuas ferramentas, mas ninguém a vê.

A multidão quando a observa, a espanca e conspira teu corpo.

Lá vai a ciência sangrando nua, enevoada pelo negacionismo.

E ela berra a criticidade, enquanto o povo reproduz pergunta sem base.

O primata social tem sua regalia animal:

Veste o que vê.

Come o que sente.

Escarra o que ouve.

Bebe cloroquina.

Faz sem saber.

Enquanto a ciência se estripa; a morte ceifa a vida.

Referências abissais procriam passagens só de ida.

Por onde anda a literatura?

Por que não caminha entre o povo?

E a educação? Por que convulsiona entre lapsos de testes padronizados?

Lá vai o holocausto da ciência.

O sacrifício do pensamento;

E o suicídio filosófico.

A tríplice assassina, que promove

a maioria e faz curvar a minoria.

E já deves saber que das diferenças nascem répteis odiosos e pensantes.

Jacaré voraz, de mandíbula aberta e dentição sagaz.

Aberração que luta pela própria existência.

Um efeito colateral oriundo da quebra do que se considerava principal.

Letícia Sales
Enviado por Letícia Sales em 23/12/2020
Reeditado em 03/03/2022
Código do texto: T7142050
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.