Na rua, Chico Mendes

Com nome do Chico Mendes,

Sem alça nem calçada,

Esta rua não sobe nem desce,

Nem vai trabalhar,

Anda descalça no limo barrento,

Criança correndo, nariz escorrendo,

Esquina do Posto, da Escola e Igreja,

Quer salvação.

Busca a vida e se reproduz

Querendo remédio, consolo e educação.

O desemprego colocou seus moradores,

Enchendo as cadeiras de pedras,

Na sombra das árvores, sentados de beira na rua,

Onde, o único com pressa passa,

Ônibus empoeirados, com bronquite, rinite e

Sonhos coletivos.

Poderia trazer o mar,

Com a praia e o azul,

Para estes lados, ao invés do asfalto,

Que carrega o Rio a São Paulo,

As cabanas dos posseiros seriam campings de barracas,

Das mulheres de chinelas aos shorts e mini blusas,

Uma comunidade com proteção solar, turística ou cultural,

Agora, Área de Proteção Ambiental,

Dos bichinhos e amebas aos golfinhos,

População preservada, não só com camisinha, mas legal,

Com direitos nunca vistos pela lei municipal.

Ninguém por ali morreria, nem o dono da rua, o Chico Mendes,

Quanto mais assassinado.

A Linha de Trem paralela

Seria replanejada e a tudo empregaria.

Em sua primeira viagem, de ladrilho,

Cobriria o chão- calçadão da

Praia da Barra I, agora sim, Jardim Esperança!