Latino América
Tem coisas tão tristes, tão difíceis de entender.
Se te gosto tanto, porquê me quero assim tão longe de você?
A verdade, é que o amor não é universo para covardes.
Se cansar-se de estar só é uma covardia, unir-se a você, não deixa de ser uma ousadia, nessa América Latina, onde hoje toda lágrima é a melancolia, que esse verso abomina.
O orvalho da minha infância despreza os poderosos, as muitas esperas, a luz da lua em navios de guerra, atordoando nossos destinos invencíveis, nossas construções,criações e plantações incríveis. O aroma de nossas raízes, tornando as primaveras felizes.
Nossas mulheres dentro de si, não deixam partir a criança que doou o pão, assado no arrepio do mamilo da mãe, que também amamentava o filho, não pensando em acumular dinheiro para fugir do perigo.
Mas em silêncio o medo de se perder, onde tudo arde, até o viver, invadindo a latitude rumorosa do medo, do segredo, outra manhã de angústia para escravos, de liberdade asfixiada pelo alumínio dos centavos.
Tornaram-nos párias, a maldição de sermos sem a luz da pátria, serviçais do poderio das grandes fortunas. As manhãs antes sagradas, hoje vêm inoportunas.
Mas transformaremos essa angústia em força de batalha, para combatermos as tristezas desse governo canalha.
Muito desse alento vem de ti, minha amada, também indignada, com a nossa jovem pátria conspurcada.
E quando tu ri, contigo ri junto o continente latino inteiro, com o riso do carnaval de fevereiro.
E eu rio junto, resistindo nos juncos, não enquanto pré-defunto, não enquanto cavalheiro, mas enquanto aquele puto, que arrepia os seus pelos.
Daniel Barthes.