Verdade em vertigem

Ontem tive um sonho e tive medo,

de não acordar.

Do alto de uma torre eu via o tempo...

Implacável, alternava lento e veloz.

Sob as vestes de um velho, um jovem

e uma criança ainda no ventre

Antiteticamente: ferida e cura, terror e conforto...

Mesma cara, mesmas vestes, embora três!

Do alto da torre eu via: uma torre de Babel.

Ontem tive um sonho e tive medo,

de não acordar.

Do alto de uma torre eu via o Brasil...

Olhares fitavam-me dos píncaros...

da arrogância, da prepotência.

Outros lá embaixo, sequer meu olhar alcançavam.

Pessoas fragmentadas,

Em uma Esquizofrenia social instalada.

Só distanciavam-se, Sociedade dividida: Muitos hiatos, pós verdades a contrariar os fatos,

muitas línguas... Incapazes de se comunicar.

Do alto da torre eu via: uma torre de Babel.

Ontem tive um pesadelo e tive medo,

de não acordar.

Do alto de uma torre eu via o Brasil.

O tempo parou para observar aquele lugar estranho onde o passado se misturava ao presente...impunimente.

Gregos, troianos,

pálidos camisas amarelas assombrados por velhos fantasmas vermelhos

A desfilar pelo centro da cidade...

Exércitos de dons quixotes lutavam contra moinhos de vento.

Na ponta da língua, palavras de ordem, mitos!

Falsos deuses e charlatões!

Velhas marcas de vacina espalhadas pelo corpo a denunciar a incoerência.

Em nome da tradição: a contradição!

Embaixo da língua o veneno jorra pra fora e pra dentro, língua morta...corações de gelo...falsa guerra fria.

Do alto da torre eu via

uma torre de babel...”

Ontem tive insônia e tive medo, de não dormir...

A distância por de trás das nuvens,

a cortina de fumaça dissipada,

ideologias se esvaindo,

Resta a vida! Nua...crua.

Veracidade torpe, mais parece fantasia.

Realidade e alucinação se embaraçam,

dançam dramaticamente uma música fora do tom...

dissonante descompasso.

Trago um cigarro, uma bebida quente...

Um gole de alienação,

para só então...

Tolerar existir.

Ontem tive insônia e tive medo de me esquecer

Dos sonhos que passeavam pela minha cabeça na escuridão,

Medo de que o dia começasse antes que eu estivesse pronto,

Pronto para viver.

Os sonhos pulavam, despertos.

Os sonhos persistiam, por perto.

Visões de um mundo em que as línguas se misturam numa só,

Anseios por uma terra em que o céu paira sobre a humanidade com menos nuvens, mais sol.

Angústias dissipadas,

Agonias passadas,

Restando apenas o sonho desperto, a vontade de perseverar,

A prontidão para viver com alma, com coração, com compaixão.

Marcilaine Andrade, Alle Braga e Lisa Lynn Ericsson
Enviado por Marcilaine Andrade em 03/05/2021
Reeditado em 14/05/2021
Código do texto: T7247521
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