OBJETOS ABJETOS

Não há mais como

enganar quem somos

dentro do televisor,

camiseta na cabeça

escondendo a careta,

fruto do horror...

O susto batendo na porta,

aquela velha alma torta

empunhando a pistola,

o rosto parece de gente,

a intenção é que é demente,

a loucura caça, assola...

É como se o ar contaminado

levasse o vírus do pecado

pra dentro do pulmão,

o sujeito virasse abjeto

com o objetivo concreto

de só causar confusão...

Os anjos-da-guarda reunidos

diante do Paraíso

pedindo algumas melhorias,

dizem que não há como habitar

o sujeito que não se lavar

na banheira da poesia...

E assim caminha o mundo

pra'quele lugar mais fundo,

sem amor e sem ciência,

como se um bando de marionetes

vivesse em estado de peste

sem a mínima consciência...