A Negra da Liberdade
Entre dejetos pútridos
do escárnio, do abandono
da miséria irracional
do não ser condicional
do não se saber o hoje
nem se o amanhã é real
há de haver o belo
(divago)
Vejo nos pés descalços
nas unhas que arranham o chão
nos cabelos desarrumados
duros e ensebados
algo que grita e agita
uma bandeira de vida
um resquício de beleza
(constato)
Os seios daquela negra
em plena Liberdade
seu troféu, sua marca
sua única verdade.
Beleza que se olha e não se vê!
(por que?)
A Negra da Liberdade é uma personagem que me acompanhou por alguns anos da minha vida em São Paulo. Ela realmente existiu, andava envolta em cobertores, descalça, suja, e com os seios de fora. Uma imagem marcante e intrigante.