A Negra da Liberdade

Entre dejetos pútridos

do escárnio, do abandono

da miséria irracional

do não ser condicional

do não se saber o hoje

nem se o amanhã é real

há de haver o belo

(divago)

Vejo nos pés descalços

nas unhas que arranham o chão

nos cabelos desarrumados

duros e ensebados

algo que grita e agita

uma bandeira de vida

um resquício de beleza

(constato)

Os seios daquela negra

em plena Liberdade

seu troféu, sua marca

sua única verdade.

Beleza que se olha e não se vê!

(por que?)

A Negra da Liberdade é uma personagem que me acompanhou por alguns anos da minha vida em São Paulo. Ela realmente existiu, andava envolta em cobertores, descalça, suja, e com os seios de fora. Uma imagem marcante e intrigante.

Monica San
Enviado por Monica San em 16/11/2007
Código do texto: T738939
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