O Hermes Embriagado em Minha Pele é um Cantor

Eu canto os ossos

Além da natureza morta

Representada pelos escombros de corpos

Varridos para debaixo de estatísticas

Eu canto o movimento

De toda essa gente

Descontente no carnaval fora de época

Contente em alternar barulho e silêncio

Eu canto todo o engano

Dos últimos românticos

Crendo a certeza

Que seus tumultos cessaram

Eu canto o choro abafado

Fedendo a uísque velho

Minguado na saliva

Que borra cores em travesseiros

Eu canto a fome ao meu país

Tão ocupado em encontrar culpados

Enquanto arrastam corpos sem vida

Nos ombros como xale de viúvas

Eu canto minha angústia

Em espelhos de corpo inteiro

Me amarás? Ressentido? Envergonhada?

Interpreto tanto que me perco entre palcos

Eu canto a derrota em corpos infrutíferos

Cheios de sonhos eunucos

Desejando destruir a fórceps os sorrisos

Conquistados por renuncias pesadas

Eu canto paisagens de pesadelos

Como um homem que erotiza tudo

Eu canto o vale da morte como se fosse Hermes

Carregando mensagens e fagulhas de espíritos

Pierrot Ruivo
Enviado por Pierrot Ruivo em 18/01/2022
Código do texto: T7432274
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