CANTO DO ACAUÃ

CANTO DO ACAUÃ

Quando eu parti

pela manhã,

ouvi o canto

do pequeno acauã.

Me danei logo

a me pegar com minhas guias

para ver

se eu podia

o meu dia melhorar.

E fui na feira,

fui trabalhar.

Com as bizarras

do meu jegue

fui vender

a manga rosa,

a macaxeira,

e a caiena,

quando vi uma cigana

bem bacana

pra valer:

- Ó cidadão

chegue pra cá,

vamos mexer...

essas moedas

tão paradas desse jeito

e esse fogo no meu peito,

quero logo lhe dizer.

E começou a falação.

Me disse logo

que eu iria enricar,

que nessas coisas de amor

não tinha corte,

que eu era homem de sorte,

que eu nasci para amar.

E foi-se embora

com meu tostão.

E me deixou

com uma grande ilusão,

que eu podia ser feliz

no meu destino,

mas eu sou um pobre nordestino

nesta grande enrolação.

E eu não quero mais entrar

nessas conversas,

já escutei vantagem à beça,

é demais, num guento não!

Xote de José Evaristo da Silva Neto (Vavá) (*)

& Nelson Marzullo Tangerini.

Vavá, um grande amigo, foi brutalmente assassinado

dentro de um banco em Botafogo,

o que me deixou, na época, muito abalado.

Ainda vou escrever uma crônica sobre ele.

NMT.

Nelson Marzullo Tangerini e José Evaristo da Silva Neto(Vavá)
Enviado por Nelson Marzullo Tangerini em 20/01/2022
Código do texto: T7433190
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2022. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.