DIA DA CONSCIÊNCIA BRANCA

Da minha terra saí

para da tua cuidar

e dela só consegui

o leito prá me deitar

Corpo dolorido

sangue escorrido

nas chibatas e no tronco

no duro castigo

Sangrei por nada

sangrei por tudo

e com o vermelho do meu sangue

escreveste sua história

e ganhaste a sua glória.

Fui o burro de carga

fui a negra da senzala

fui a ama de leite

fui a amante indolente

fui o negro fujão

fui o capacho, o estorvo

fui o liberto abusado

só não fui nunca gente

muito menos respeitado.

A honra e a dignidade

à força foram resgatadas

Por Zumbi,negro bendito

um líder do negro sofrido.

Hoje tenho a certeza

meu sangue não tem nobreza

mas corre nas minhas veias

o mesmo vermelho vivo

que tantas vezes limpei

nas regras e curativos

do branco ingrato e altivo.

De nada vale o orgulho

a arrogância o esnobismo

na hora da dor e da morte

não temos cor nem valia

somos pequenos e pobres

incapazes e sem valentia.

O pó de que fomos feitos

na vala profunda um dia

será a coberta do leito

donde encerra nossa agonia.

Monica San
Enviado por Monica San em 20/11/2007
Código do texto: T744432
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