O Passo e o Poço

Eis as mãos,

Eis os pés,

Eis o passo,

Eis o poço,

Velas o desgosto,

Vês em agosto,

As balas no corpo se perderam,

Vejo os orifícios. Passam todas

Paralelas, Cheias e negras.

Nenhuma pegou no tirocínio.

Cropocéfalos soltos na cabeça

E sangram as velhas histórias.

Correm nas veias a areia branca.

Veio da matriz, estradas Matrix.

Por que não termina?

Por que não chega o fim da agonia?

Onde se encontra o túnel de saída?

Onde navego volto indefeso

Mãos e pés atropelam-se.

Na avenida nado tomado de heroína

E nas nódoas verdades clareiam as mentiras.

Do seguro, inseguro,

Do trampo sem rima,

Da dor da cegueira,

Do ódio posto a mesa.

São poucos, São tantas

Irmãos da incerteza,

São corpos no chão.

São ruas sem formas e noites sangrentas

Que calam a razão.

Que gritam as vontades do asco sem medo.

São tantas balas nenhuma acertou no sistema

Mesquinho sistema, no beijo da face, nas portas fechadas, no frio coração,

No passo no laço que prende a nação.