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(Brasil e os mais de 350 anos de escravidão)

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Nossa excomunhão

---Sem palavras---

 

Aqui, parado, sentado, beirando estrada

Somente em olhares perdidos e distantes

Ouvindo o que queria me dizer

A algazarra sem som, na paz do meu silêncio.

Por isso, não quero, e nem vou dizer nada!

 

Mas, o que poderia..., se durante esses intermináveis

Mais de, trezentos e cinquenta anos de excomunhão

O que mais fizeram em nós, foi calar em mim, tudo!

Nesse momento, todos aqueles forçados silêncios...

Todos aqueles angustiantes e compelidos clamores...

...todos os “berros” abafados de nossas dores

Aqueles que agora são ainda deles, também são meus.

Pois insistem continuar cessar, nossos brados

...todos, aqueles ””patrões”” e capatazes do mal

Aqueles que desde, há muitos anos atrás

Queriam e tentaram, com seu suor, sangue e prantos

Um dia fazerem-se ouvir, para hoje me defender!

 

Emudecendo deles, nossos medos

No chão frio, de seus fétidos e escuros porões

Abafando neles, nossa tênue liberdade

Retirando de nós, nossos quentes abraços!

Silenciando nossas vozes raras e discretas

Com o poder vil, por seus seguidos desmandos

Segurando nossos braços, pesados e fortes

Com enxadas, relhos e açoites em nossos lombos

Marcados, e recheados de ressaltados vergões!

 

Calando por suas faltas de amor, nossos dolentes ‘urros’

Que eu li...que eu sei e que os sinto em mim, mesma dor!

Com ações de suas abafantes mordaças

Seus grilhões e os mais de mil (milhões) elos

Tramados em suas grossas e pesadas correntes

Escondendo e nos arrancando a força, nossas necessidades

Impedindo-nos de sermos de fato e simplesmente, gentes.

Confirmando todos esses disparates

Firmados com falsos rabiscos e riscos, de sua viciada lei!

 

Por isso, vou aproveitar para apreciar, nessa infindável hora

O tempo incerto, que enfim me resta

No barulho reticente e na calma desse santo mar.

Pra quem sabe esperar numa fresta de esperança, o melhor

Pós ondas que não cessam, se sucedem e quebram...

E que vão amainando-se nessa areia branca

Nas quais com seus grãozinhos, se ajuntam minhas dores

...minhas escassas lágrimas e meus futuros amores

            Que, de tão densas e doloridas

           Teimam precipitarem nessa praia e em nossos corações.

            E como uma chuva intensa, doída, fustigante e salgada

            Talvez a mesma que começa a cair, agora!

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EFLÚVIO DE ARREBOL
Enviado por EFLÚVIO DE ARREBOL em 25/05/2022
Reeditado em 26/05/2022
Código do texto: T7523540
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