CLARÕES

Claro clarão da manhã,

veste de sol o horizonte,

espelha a água da fonte,

vem despertar criaturas,

aladas figuras a cantar

Claro clarão sobre a flora

fremente de clorofila

Como pudemos feri-la?

De que tábua o preceito?

De onde o direito de matar?

Vasta visão de fumaça,

Hiroshima de fuligem

que mata a mata virgem,

cessa vozes, cala cantos;

insensato manto sem perdão

Claro clarão de justiça,

despe a raiva dos homens,

afasta as bocas da fome,

vem prenunciar farturas

nas luzes maduras da razão