O atalho

Atrasada para o trabalho

Decidi pegar um atalho

Ao dobrar a esquina,

Fui surpreendida por um marginal

Sua cara era de inocência

Mas sua atitude era brutal

Pensei em gritar

Minha voz não obedeceu

Tentei correr

Minha perna estremeceu

Olhei ao meu redor,

Não havia ninguém a quem pedir socorro.

Enquanto procurava um escape,

A voz do malandro ressoava dizendo:

- Passe essa bolsa antes que eu te mate.

Despertei para o fato.

E agora? Ou entrego ou morro

Logo entreguei a bolsa e fui embora

Desprotegida, fragilizada

Mas com vida

Porém com uma agonia

Um sentimento de desrespeito e muito medo.

Fui agredida, me tiraram meu direito

Foi-se embora minha carteira, meu celular e um bom livro

Tudo conquistado com suor de meu trabalho

Ao levar embora a minha bolsa

Ele deixou comigo muito medo

Tudo isso porque pensei em pegar um atalho?

Não. Isso aconteceu porque o direito de ir e vir,

a segurança e bem estar

Prometidas na constituição

não tem como se concretizar

numa sociedade excludente, seletiva, desigual

onde o pequeno que deveria ser tratado como cidadão

é treinado para ser um marginal

Aquela criança, assim como eu, resolveu pegar um atalho

E por isso, infelizmente, em um “caminho mais fácil”

com sua pressa e sua gana, seu destino, assim como foi o meu, pode ser fatal.

Cleide Selma P dos Santos
Enviado por Cleide Selma P dos Santos em 20/12/2022
Reeditado em 09/01/2023
Código do texto: T7676251
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