O meu lugar

Há lugares onde me sinto a mais

e há outros em que nem me sinto,

mas sento-me com conversas banais:

a pior fome d’um ser faminto

Nos lugares onde me sinto a mais

sento-me no momento e desassocio

ignoro o meu instinto, mas jamais

renuncio as cores da tela que pinto

E é nesses lugares que me ressinto,

por não me misturar com os demais

e por saber que nunca seremos iguais,

o meu cérebro vira o próprio labirinto

É quando me distancio dos normais,

que me apercebo que lhes minto

e é quando me centro nos meus ideais

que me sento no centro do labirinto

Há lugares onde os seres carnais

se mascaram do que é deles esperado

e há outros onde, como animais,

saciam o desejo jamais ponderado

O meu lugar fica algures no meio

onde não me sinto a mais, nem creio

que n’algum meio possa ser “demais”

sentar-me com o meu desvaneio.

Maria Ribeiro Meireles
Enviado por Maria Ribeiro Meireles em 25/03/2023
Código do texto: T7748824
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