DESENCONTRO
DESENCONTRO
Não é morte que me procura
Eu que me aproximo dela
Não é a morte que me convida
Eu que me ofereço insano
Não é a morte que me levará
É a vida que eu abandono
Ela não tem culpa
Só cumpre a missão que lhe foi dada
Não distingue um poeta de um assassino
Nem um intelectual de um operário
Perante ela somos todos iguais
Viajante de um polo ao outro
Para um lugar que nem sabemos se existe
Mas caminhamos passo a passo para ele
Ah! se a morte tivesse nome
Não seria nem lírico
Nem musical
Talvez a chamassem de Maria
Como todas as santas
Talvez de José como um carpinteiro
Que trabalha a arvore morta
No desencontro das vontades
Todos fogem dela indo ao seu encontro
Por isso
Quando eu alcançar
Seja Maria
Seja José
Vou sorrir meu último sorriso sem saber sorrir
Pensar meu último poema
Sem escrever
Deixar meu último sopro
Como um beijo
Nos lábios de Maria ou de José