DESENCONTRO

DESENCONTRO

Não é morte que me procura

Eu que me aproximo dela

Não é a morte que me convida

Eu que me ofereço insano

Não é a morte que me levará

É a vida que eu abandono

Ela não tem culpa

Só cumpre a missão que lhe foi dada

Não distingue um poeta de um assassino

Nem um intelectual de um operário

Perante ela somos todos iguais

Viajante de um polo ao outro

Para um lugar que nem sabemos se existe

Mas caminhamos passo a passo para ele

Ah! se a morte tivesse nome

Não seria nem lírico

Nem musical

Talvez a chamassem de Maria

Como todas as santas

Talvez de José como um carpinteiro

Que trabalha a arvore morta

No desencontro das vontades

Todos fogem dela indo ao seu encontro

Por isso

Quando eu alcançar

Seja Maria

Seja José

Vou sorrir meu último sorriso sem saber sorrir

Pensar meu último poema

Sem escrever

Deixar meu último sopro

Como um beijo

Nos lábios de Maria ou de José

Joban
Enviado por Joban em 29/03/2023
Código do texto: T7751821
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