Qualquer noite na praça dos leões

Enviesado me desinvergo, começou

A noite, acabou o tédio, entre uma

E outra uma e outra, tomo outra,

Chamo de longe com meu olhar

Pra perto, vamos aonde? Deserto,

Estrada, avenida mas ainda

Não é madrugada, teremos

Tempo. Incluo outro afeto, descemos,

Cidade, cigarro, um poste

Um banco na praça, prende, passa,

Surgem: nuvens avolumadas e então beiral

Ou entre os portões de uma casa?

Não tenho medo de molhar,

Tenho medo dele, espero que não

Me veja, espero que nem me escute e

Não respiro, é o ar? Pelo qual me aliso

Desenho trajeto, banheiro: binariedade

Dos sexos e hoje não vou ter nenhum;

Rua novamente, jejum, enjôo, nojo

Rápido, passa, minha mãe está dormindo,

Meu pai está dormindo, eu quase que estou, estou melancólico, estou sumindo

Segredo que me abraça, sorriso ou cachaça? cachaça o leão da praça o

Batuque a rua infernalmente tomada,

E quantos mais surgem, como mato

Brotando da calçada as sargetas como açudes,

As garrafas alagadas, sei que fiz o máximo que pude

Ou que não lembro mais de nada.

Nia Ferreira
Enviado por Nia Ferreira em 17/04/2023
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