Diadema

Enfeita-me, aureola

Fachada de estado imperial

Resquício de ideia sobrenatural

Presente que nem ouso merecer

Enfeita-me, aureola

Coroa do mundano angelical

Ostentas em tua pele sem igual

Que tragas dessa vida sem querer

Enfeita-me, oh, aureola

Roubada de uma terra de mulambo

Vendida pra pagar o teu escambo

Que tomastes minha terra pelo mar

Enfeita-me, oh, aureola

Porque já me foges da verdade

Minha pele só deseja igualdade

Por justiça de um fardo desumano

Enfeita-me também aureola

De quebra uma tiara colorida

Desnudar a minha pele bem florida

Esconder o vermelho a me sangrar

Enfeita-me, mas não me cerca

Eu duvido que no final dessa peça

Me sobre canto pra essa tua orquestra

Que aceita até uma orientação

Enfeita-me, diadema

Que de sangue foi pintada

Que de pele foi manchada

Que minha testa bem rasgada

Tu venhas adornar!

Maicon Lopes
Enviado por Maicon Lopes em 10/05/2023
Código do texto: T7785110
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