Um mendigo
Um mendigo
Na calçada tinha um mendigo
Tinha um mendigo na calçada
Com um chapéu de palha
Entre trapos e farrapos
Parecia agonizar na caçada
Tinha uma aparência espectral
De um moribundo animal
O corpo calumbento
De chagas e cruciamentos
Tinha em seu dorso
Magro e esquelético corpo
As mostras os ossos
De tal forma
Que sob sua estética
Medonha e feia
Zunzunuavam pequenos insetos
E ao seu lado
Um rabugento canicho
Que dividiam as pulgas a comida e o lixo!
Quem passava espremia o nariz
E jogava em seu chapéu de palha
Metais de hipocrisia
E fecham os olhos pra miséria
Em negros óculos da burguesia
E lançam moedas
No dizimo da hipocrisia
O flagelado mendigo
Que desde menino
Ver a vida da calçada
Contando os passos apressados
Com olhos assustados
De quem já nasceu sem vida
E todos os dias esta cena se repete
A via crucís marginal
De que morre um pouco todos os dias.