ENTÃO É NATAL...
ENTÃO É NATAL...
Enfeites coloridos
Sentimentos doloridos
Abandono natalino
Origem há muito esquecida
Uma lenda controvertida
Comercio e desatino
Escusa para o consumo
Onde o povo perde o prumo
Num desvario total
Lojas cheias de ilusão
Vendendo à prestação
Um pedaço de natal
A pílula que a mídia doura
É uma bomba que estoura
Logo depois de ingerida
Todo brilho da oferta
Ofusca a luz de alerta
Armadilha colorida
Ceia farta, desperdício,
Ilusório armistício
No cotidiano implacável
Um só dia de abundância
Faz esquecer a importância
Da fome do miserável
Legiões de indigentes
Vivem histórias contundentes
Em cada rua da cidade
Paradoxal ironia
Pois as vítimas dessa agonia
Reeditam a natividade
Esquecidos, ignorados,
São fiéis e devotados
Unidos em sua dor
A fé é o alimento
Que renova o alento
Pra louvar o Salvador
A mensagem é distorcida,
Bem distante da vivida
Num estábulo galileu,
Bem distante do motivo
Erguemos brinde festivo
Ostentando orgulho ateu
Ano após ano nesse dia
Cada vez mais soa vazia
Esta festa desconcertante
Onde todos comemoram
Congratulam-se mutuamente
Mas esquecem simplesmente
De quem é o aniversariante