Nuvens Cinzas

Como pode ? tal miséria ao pé do paraíso !

Seria um pesadelo? o mais longo e vivido!

No mundo mais lúdico ! se instaurar um terror tão conciso ?

Tal explosão feroz ! Oh! Pobre peito pávido!

Quais seriam seus adornos em maior benefício?

Tal invenção! O sol és negro e líquido !

Oh espírito sabido ! Ceis isso, tal qual lei, o mais intrínseco vício?

Morte flácida, seca ! Não há fluidez amigo ! o mundo é rígido !

A calçada nua é tão podre! os pés sujos nem mais tem odores!

Onde estão os perfumes das rosas? que senti nos bosques de meus ardores?

oh moça bonita ! tu és a rosa semeada em pura vida!

porque andas assim descalça? sobre a cinza avenida

Oh maus credores ! incendeiam as colônias da terra com seus fedores !

Despertei-me hoje em tal bela armadura ! do ouro mais puro, barato que comprei na rua !

Ah! o sonho era tão meigo! seus cabelos cheios e morenos !

No topo do monte mais alto, dizia: — Não há mais alógenos!

Ah que mal bendito ! despertou-me do sonho mais bonito!

Uma nuvem negra em minha janela, o céu também é finito!

escondeu-me de minha musa a qual pintava em aquarela !

Farta estante fria! rua magricela, a vida abalroa á ourela !

Como pode? tal inconcebível súbito horror ser factual ?

Oh pura chama ! se deve ser alucinação de calor!

ou karma imortal ! terrível cobrança celestial!

A rua é cinza e fina ! exalta ao ar um cadavérico odor!

Ignóbil vago louvor ! Oh! Para onde foram os santos ?

Que andavam nas sombras deste manto !

A pedra é dura! Onde desaguar tanto pranto ?

A cascata é nula! E este machucado infanto ?

jogado à rua, Oh eterna massa ! tu sabes: só a água cura !

Meu peito é humano como a cara sua ! Morri na miséria do mundo!

Não haveria fuga ? a terra era um coro de lua !

onde se escondia tal terror na ferida crua ?

Amor ! A pedra é dura ! o homem sua

Porque todos estão calos ? feita a irmã muda ?

O jovem bela ! anda a rua, e a rua é quente,

e o sol é massa de odor latente !

E onde está a vida a qual dizia ?

escondida na brita? morta na mente ?

E a acefalia ? Como poderia? com tal terror no seio que sente?

Tu tomas sua miséria e guarda feito amiga, e sorri pela avenida !

E a menina corre aos braços da tia ! eis aqui a vida ?

Moça! Tu és linda ! e teu sorriso é aberto tanto quanto a ferida !

E o gás impregna ! e o peito por último infla ! adeus modesto instante de vida!

Luana Cezar
Enviado por Luana Cezar em 28/03/2024
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