GRÃO

Na terra

a semente

presente

esperando

a seiva bendita

cair em sua cova

pra vida florir.

Ao sol implacável

no horizonte sem nuvens

o abutre incansável

esperando carcaças

numa espera indolente.

Se espalha a fome

espelho da dor

esperança fugaz

se desfaz no calor

do sol escaldante

queimando a pele

ceifando a vida

daquele que um dia

sonhou veemente

seu destino mudar.

Sem licença

o tempo

lhe fez velho

impotente.

Ilusão

para quê?

Se do grão seu sustento

não pode colher.

E a cova aberta

pra semente plantar

hoje abriga seu corpo

que foi descansar.