Não hei de ser eu

Não quero ser eu a abrir-te feridas,

Não quero ser eu a tirar-te a esperança,

Não te quero tirar o emprego,

Nem te quero esfolar.

Teu carrasco não quero ser,

Não te quero torturar,

Não vou matar os teus sonhos.

Se te prenderem, vou visitar-te,

Se ficares doente, manda avisar.

Quero-te vivo,

Aprendendo as duras lições

Que a vida mesmo se encarrega de dar.

Nasceste para a vida;

Não gosto da correção

Pela morte: já não há aprendiz.

Não escreverei anônimas queixas,

Contra ti não farei delações.

Mas escuta, amigo, o que por ti vou fazer:

Vou olhar-te nos olhos,

Falarei palavras comuns que, juntas,

Imporão tal gravidade ao discurso,

Que preferirás, talvez, apanhar.

Trabalharás por abrigo e pão;

O bem do teu semelhante será teu ideal.

Terás novamente limpo o teu nome, e a tua salvação.

Neusa Storti Guerra Jacintho
Enviado por Neusa Storti Guerra Jacintho em 09/02/2008
Reeditado em 28/11/2009
Código do texto: T852402
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