DENGUE, DENGOSO, MOSQUITO EU SOU

Lailton Araújo

Mamãe, quando eu crescer quero ir ao topo

E sair em todos os canais da mídia moderna

Igual a você, mosquito da dengue: famoso

Que pica o povo do condomínio ou da favela

Vão dizer que sou mais um mosquito medroso

Por falar que favela não é lugar de mortandade

Lá se queima um bagulho no mosquito dengoso

E as crianças sobrevivem: viva a comunidade

O fumacê virou na contramão, sem uma meta

Saci-pererê fumou, baseado na forma amadora

Sou assim, sou Aedes aegypti, dengue na certa

Ai de ti, não é dengo, é epidemia assustadora

PAC, abandono, conversa fiada e picadas

Trinta e cinco mil sofrem no Rio de Janeiro

Quarenta pessoas embalsamadas, são almas

Sofridas, penadas, por descaso do embusteiro

Mamãe... Quero ser um mosquito valente

É melhor que ser um tal vampiro impostor

Livre no Brasil, bebo sangue, mato gente

Sem prevenção, sem direção, aqui eu estou