Poema da Segunda-Feira Santa do Peão

Poema

Segunda-Feira Santa de Peão

Sábado é Dia de Jejum

O Sabat sem trabalho algum

Domingo é Dia do Senhor

Cerveja, macarrão, aspirador

Mas segunda-feira santa meu irmão

É dia de marmita e de peão

Do operário em construção

De começar tudo de novo

Do arroz, feijão, salada e ovo

Segunda-feira é sempre assim

A semana a recomeçar do fim

O Sabat exige concentração

Guardá-lo é luz e condição

Mas logo viça o belo domingo

Macarrão na sogra e xingo

E a esperança viça e abunda

E o ruflar auroral da segunda

Trânsito, fila, péssima condução

Trabalho, suor, holerite, patrão

Que um salário nos redunda

Mas tem valor a segunda-feira

Ela será santa a vida inteira

Domingo é pipa com cerol

Bebemorar de sol a sol

Escola dominical, cunhado

Ainda tem jogo de futebol

Mesmo o Corinthians derrotado

Esperança ainda sempre há

Torcer para o Guaratinguetá

Mas segunda-feira o bicho pega

A faca não é amolada, é cega

Mas o peão tem que trabalhar

Se não o bicho vai pegar

Segunda-feira é sempre assim

Você se alegra por trabalhar

Mesmo com Sampa tão ruim

A herança maldita do Alckmin

Pra sobreviver tem que se virar

Ser peão, honrado trabalhador

Tem a família, emprego, amor

Que segunda-feira é mesmo santa

Prover o almoço, a janta, a fé

E o sonho preso na garganta:

Aposentar, voltar pra Itararé

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Silas Correa Leite

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(Poema da Série “Verás Que Um Filho Teu Não Foge a Luta”)