Morte Aparente
Em que pese a pobreza destes versos amadores, é o melhor que pude fazer. Reservo-me, então, a petulância de que este poema seja digno de homenagear a memória do grande mestre Augusto dos Anjos.
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Das entranhas da úmida terra
Retumba um urro de nota histérica,
Geme a alma que o corpo já não encerra
Cedeu, enfim, à rigidez cadavérica.
Meio decomposto pela ação biológica
Não é o corpo a repousar do apelo físico,
Retorna ao chão a matéria genérica:
Segue seu rumo o espírito único;
Refutai a pretensão criogênica,
E a pompa do funeral histriônico;
O epílogo de uma epopéia homérica
Equivale à morte de uma criança anêmica.
Que não se eternize o crocidismo agônico,
Não vos apegai ao ambiente tétrico,
Pois, se volta um corpo ao extrato telúrico,
Avança o homem em seu rumo etérico.