A profecia do corvo

Nos horizontes turvos e irreais

reside a brasa insignificante

que arde absconsa neste atordoante

mundo de dores surdas e abismais.

Não canto o que a Quimera quer que eu cante,

não glorifico o amor de um torpe amante,

mas me atenho à vida. Ó, coisas reais!

Só que a vida é cruel e dói demais;

e aquela brasa faz-se flamejante

dentro em meu peito e, neste breve instante,

me entrego à chama, à luz dos ideais:

busco o impossível. Ah, ingênuo infante!...

Por fim, encontro só a voz arfante

do corvo a grasnar: "Nunca, nunca mais!"

Marcel Sepúlveda
Enviado por Marcel Sepúlveda em 21/10/2015
Código do texto: T5422171
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