Pensamento Suicída

Eu ando

Entre compadres maiores que eu

Eu venho das tentativas

E eles dos dos acertos

Eu venho das decepções

E eles do sucesso.

Eu ando

Entre as brasas ardentes

Sendo uma vela resistente

Ao forte vento

As vezes que apago

Mas me acendo

De novo

E de novo.

Mas e no dia que acabar o pavil?

Que toda a parafina for queimada

Me pergunto:

"Sou limitado a isso?".

Mas há sempre o céu ou inferno para repousar.

Ando com peso na consciência

De me compadecer pelos mais fracos

Sendo que eu faço parte dos fracos

E não há ciência

Que me faça forte.

Ando com esse peso

E tentando erguer a cabeça

Sorrindo, mas com dois pedregulhos

Pendendo em cada lado da boca.

Sorriu por força e vontade

Vivo a procura de sucesso e felicidade

Mas a vida é bem mais que isso

E eu não me toquei e perdi tempo.

Tentei subir a escada do sucesso

Mas escorreguei no último degrau

"Quebrei minhas pernas"

E agora não há como continuar...

Subi numa passarela

Onde trafegam cavalos gigantes

Tão alta quanto meus sonhos

Tão vazia quanto meus ganhos.

E sentindo o vento no alto

Tornei-me vento e soprei

Para a liberdade...

E vi o começo

Amei na metade

E a marca que deixarei no mundo

É aquela de quando eu acabo

Quando juntarem os bagaços

Meu sangue anêmico

Manchando o asfalto.