O VENTO LEVOU
Embalava o cipresse
o vento numa prece
sibilando num sussurro
falando com os túmulos
Silvava pelos sepulcros
desfolhando as flores dos vasos
levando as pétalas ressecadas
sem vida também mortas
Ia apagando as velas
com sua carícia gélida
espalhando o aroma
de cera das chamas
Por despedida nas lousas
entre vultos e sombras
soprou como uma flauta
num adeus sem volta
Rangindo o portão de ferro
deixou o cemitério
foi soprar nas torres dos templos
dos mortos os lamentos